A RSF denuncia a escalada de violência contra a imprensa no Chile
A Repórteres sem Fronteiras (RSF) está extremamente preocupada com o crescente número de ataques à imprensa chilena e internacional no Chile. Jornalistas estão sendo alvo de agentes da lei e manifestantes, à medida que protestos e bloqueios continuam em todo o país. A RSF pede ao governo chileno que garanta a segurança dos jornalistas em todo o país.
Desde o anúncio pelo governo chileno do aumento do preço dos bilhetes de metrô em Santiago, capital do país, o Chile passa por uma crise social sem precedentes desde o final da ditadura em 1990. Nesse contexto de fortes tensões, a RSF identificou numerosos casos de ataques direcionados contra repórteres e jornalistas da imprensa nacional e internacional que cobrem os protestos e a crise no país.
Os ataques contra a imprensa assumem formas variadas, como o incêndio criminoso nas instalações do jornal El Mercurio, em Valparaíso, detenções arbitrárias de jornalistas, às vezes violentas, tiros com balas de verdade e balas de borracha disparados pela polícia e pelo exército contra repórteres em protestos, cartuchos de gás lacrimogêneo lançados contra equipes da BBC e da Telesur, equipes de televisão e rádio (Chilevisión, Mega, TVN, Rádio Bío Bío) atacadas por manifestantes, ou ainda campanhas de intimidação e apelos à violência contra a imprensa nas redes sociais.
"O clima de ódio exacerbado contra a imprensa e a violência da polícia desde 18 de outubro, em um país que é modelo de liberdade de imprensa há duas décadas, são extremamente preocupantes", alarma-se Emmanuel Colombié, diretor do escritório da RSF na América Latina. "O Presidente Piñera deve fazer um balanço desses abusos e tomar as decisões necessárias para conter a violência. Instruções claras devem ser dadas à polícia e ao exército para garantir a segurança dos jornalistas em todo o país ".
Manifestações da sociedade civil para protestar contra as desigualdades socioeconômicas se multiplicaram desde 18 de outubro em todo o país, acompanhadas de greves, saques e confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, matando pelo menos 18 pessoas em 6 dias.
Em 2019, o Chile ocupa o 46º lugar entre 180 países no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa da RSF.