"Como acabar com as infodemias": 250 recomendações do Fórum sobre Informação e Democracia
Na medida em que informações falsas e manipuladas continuam a se proliferar pelo ambiente online durante a pandemia de Covid-19, o Fórum sobre Informação e Democracia publica o relatório "Como acabar com as infodemias”. Com base em mais de 100 contribuições de especialistas internacionais, o documento apresenta 250 recomendações para conter este fenômeno que ameaça as democracias e os direitos humanos, incluindo o direito à saúde.
Lançado em 2019 por 11 organizações e centros de pesquisa, o Fórum sobre Informação e Democracia criou, no último mês de junho, um grupo de trabalho focado em infodemias para formular um “marco regulatório” capaz de responder ao caos informacional nas plataformas e nas redes sociais. Depois de 5 meses de trabalho, o grupo, cujo comitê diretor é copresidido por Maria Ressa e Marietje Schaake, publica um relatório detalhado com 250 recomendações para governos e plataformas digitais. LER O RELATÓRIO AQUI
O relatório, escrito por uma equipe de relatores liderada por Delphine Halgand Mishra, identifica quatro desafios estruturais e propõe soluções concretas para cada um deles:
- a transparência das plataformas,
- a moderação dos conteúdos,
- a promoção de notícias e informações confiáveis,
- e os serviços de mensagens privadas.
Muitos países membros da Aliança para o Multilateralismo manifestaram apoio quando o presidente do Fórum, Christophe Deloire, apresentou o grupo de trabalho para quase 50 ministros do exterior numa reunião da Aliança em 26 de junho, que também contou com a presença do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e da diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.
Durante nova reunião da Aliança, organizada no âmbito do Fórum da Paz de Paris, neste 12 de novembro de 2020, Deloire apresentou o relatório do Fórum sobre Informação e Democracia e suas principais recomendações aos ministros do exterior da Aliança.
“Este relatório é a prova de que é possível encontrar uma solução estrutural para acabar com o caos informacional - um perigo mortal para as nossas democracias, afirmou Christophe Deloire. Todos aqueles que adotam iniciativas legislativas relacionadas às plataformas deveriam se guiar por este relatório, seja na Índia com a Seção 79, nos Estados Unidos com a Seção 230, no Canadá com a Digital Charter, no Reino Unido com o Online Harms Bill, e na União Europeia com o Digital Services Act.”
"Tem sido uma honra trabalhar com especialistas de diferentes disciplinas - exatamente o que precisamos hoje, pontua Maria Ressa, copresidente do comitê gestor. Mais do que nunca, esses tempos mostram que informação é poder, e quando mentiras se espalham mais rapidamente do que fatos, todo o esforço humano é ameaçado. É um momento de caráter existencial para a democracia e para o jornalismo. Este é um passo concreto à frente para encontrar soluções globais sistêmicas".
“A democracia está sob ameaça e a falta de confiança ou a manipulação descarada cada vez mais tem um componente informacional, explica Marietje Schaake, também copresidente do comitê gestor. A governança do nosso mundo digital deve ser tomada de volta das mãos de empresas privadas e de estados autoritários, se quisermos que a democracia sobreviva. Os líderes democráticos devem assumir agora suas responsabilidades na preservação da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.”
As 12 principais recomendações do grupo de trabalhoA regulamentação pública é necessária para impor requisitos de transparência aos provedores de serviços online.
É necessário um novo modelo de meta-regulação na moderação de conteúdo.
Novas abordagens para o design de plataformas devem ser implementadas.
Devem ser estabelecidas salvaguardas nos serviços de mensagens instantâneas quando estes operam numa lógica de espaço público.
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Os membros do comitê diretor · Marietje Schaake (copresidente): Ex-deputada do Parlamento Europeu (2009 - 2019). Diretora de Política Internacional do Cyber Policy Center da Stanford University e presidente do Cyber Peace Institute. · Sinan Aral: Professor de Gestão, Marketing, Computação e Ciência de Dados David Austin / MIT, diretor da Digital Economy Initiative (IDE) do MIT e sócio-fundador da Manifest Capital. Autor do livro The Hype Machine, no prelo. · Julia Cagé: Autora de livros best-sellers sobre mídia e democracia. Professora de Economia na Sciences Po e codiretora do grupo de pesquisa "Avaliação da Democracia” do LIEPP. Especialista em Economia do Desenvolvimento, Economia Política e História Econômica. · Ronald Deibert: Professor de Ciência Política e diretor do Citizen Lab da Munk School of Global Affairs & Public Policy, Universidade de Toronto. Cofundador e pesquisador principal dos projetos OpenNet Initiative e Information Warfare Monitor. · Camille François: Diretora de Inovação da Graphika, empresa especializada na detecção e mitigação de desinformação e manipulação dos meios de comunicação. Anteriormente pesquisadora principal da Jigsaw. · Roukaya Kasenally: CEO da African Media Initiative. Professora associada da Universidade de Maurício. Presidente do Instituto Eleitoral para a Democracia Sustentável na África. · David Kaye: ex-Relator Especial da ONU para a Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão. Professor de Direito na University of California, Irvine, School of Law. · Edison Lanza: Advogado, ex-Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Dirigiu e fundou várias organizações não-governamentais que defendem o direito à liberdade de expressão. · Roger McNamee: Autor de Zucked: waking up to the Facebook catastrophe, investidor em capital de risco tecnológico. Cofundador da Silver Lake Partners e diretor do T. Rowe Price Science and Technology Fund. Ex-investidor do Facebook. · Jun Murai: Professor emérito da Universidade de Keio. Codiretor do Centro de Pesquisa sobre Cidadania Cibernética da Universidade de Keio. Fundador da rede UNIX japonesa (JUNET) e do projeto WIDE. Conhecido como o “pai da internet” no Japão. · Peter Pomerantsev: Jornalista, autor e produtor de televisão. Pesquisador visitante senior do Institute of Global Affairs, London School of Economics. Pesquisador principal do Agora Institute da Johns Hopkins University. · Julie Posetti: Diretora Global de Pesquisa do International Center for Journalists (ICFJ). Anteriormente, pesquisadora principal e coordenadora do projeto de inovação em Jornalismo do Reuters Institute for the Study of Journalism. · Anya Schiffrin: Ex-jornalista, diretora da especialização em Tecnologia, Mídia e Comunicações da Escola de Relações Públicas e Internacionais da Columbia University e docente da School of International and Public Affairs. · Vivian Schiller: Diretora executiva do programa Aspen Digital. Ex-CEO da National Public Radio (EUA) e fundadora da Civil Foundation. Membro do Conselho de Administração da Repórteres sem Fronteiras (RSF) EUA. · Wolfgang Schulz: Diretor do Humboldt Institute for Internet and Society. Docente na área de Informação e Comunicação na Faculdade de Direito da Universidade de Hamburgo. Membro do conselho do Institut Hans-Bredow. · Christopher Wylie: Cientista de dados, denunciante do caso Cambridge Analytica. Listado entre as 100 pessoas mais influentes pela revista Time. Autor do livro Mindf*ck: inside Cambridge Analytica’s plot to break the world |
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