Venezuela: A RSF lança um SOS para denunciar a escalada de violência contra jornalistas
É com uma imagem forte e um SOS lançado nas redes sociais que a RSF pretende chamar a atenção do público para a intensificação da repressão contra a imprensa venezuelana e a censura que recai sobre os jornalistas em todo o país.
O agravamento da crise política e econômica no país, simbolizado pelo aumento da insatisfação social e pelas numerosas manifestações contra o governo de Nicolas Maduro, foi acompanhado, ao longo de 2017, por uma intensificação do autoritarismo e por uma verdadeira caçada aos jornalistas.
Em várias ocasiões, especialmente durante o Dia Nacional do Jornalismo, em 27 de junho passado, a RSF denunciou essa repressão do governo e o preocupante aumento das violências contra os trabalhadores da informação.
Exemplo mais atual, no contexto do voto para a Assembleia Constituinte, domingo dia 30 de julho, quatro jornalistas foram detidos e colocados em detenção provisória. Inúmeros outros foram atacados e ameaçados. Por ter coberto ao vivo as manifestações, os canais de TV Televen e Venevisión foram publicamente acusados de fazer "terrorismo midiático" pelo presidente Maduro, que também pediu à Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações) que investigasse a Televen por "apologia ao delito".
A mesma Conatel já havia exercido pressão sobre numerosas mídias de rádio e TV para impedi-los de cobrir o referendo anti-Maduro organizado no domingo 16 de julho pela oposição. Uma tentativa de censura denunciada por vários órgãos profissionais, como o SNTP (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa) e o CNP. No dia de votar, o jornalista Luis Olavarrieta, do site de notícias Caraota Digital,foi também violentamente abordado por homens armados.
Diante do contexto particularmente tenso, é um verdadeiro SOS que a Repórteres sem Fronteiras lança nas redes sociais. #SOSImprensa é um pedido de ajuda e um chamado à mobilização, acompanhado de uma imagem forte que simboliza a violência com a qual se confrontam os jornalistas venezuelanos a cada dia. "A máquina fotográfica que explode sob o impacto de uma bala, o bracelete de "imprensa" imerso na escuridão, a boca do jornalista coberta, são todos símbolos para representar a perigosa escalada de violência e chamar a atenção do público para o perigo representado para a liberdade de expressão e de informação na Venezuela", explicou Emmanuel Colombié, diretor do escritório para a América Latina da organização.
Arte realizado pela agencia internacional de branding Cheeeeese! *
A RSF aproveita esta ocasião para também chamar a atenção para o caso de Carlos Julio Rojas, jornalista do programa de rádio e TV Radar de los Barrios, preso desde 6 de julho na prisão militar de Ramo Verde. Carlos Julio foi detido, sem mandado judicial, pela Polícia nacional bolivariana durante uma manifestação. Ele é acusado de 'traição à pátria', de rebelião e de ter roubado material do exército, granadas que foram encontradas em sua bolsa pouco depois de sua detenção. Segundo seu advogado, esses objetos foram colocados em sua bolsa sem o seu conhecimento. Trata-se do primeiro jornalista venezuelano instado a comparecer diante de um tribunal militar na Venezuela. A RSF contesta firmemente a realização deste processo e lembra que nenhum civil pode ser julgado por um tribunal militar, conforme a jurisprudência da Corte Suprema da Venezuela desde 1981.
A Venezuela está classificada na 137a posição entre 180 países no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa estabelecido pela RSF em 2017.