Um jornalista ferido, o assassino de outro detido no decorrer da operação militar no norte do Rio
Os bairros do norte do Rio de Janeiro foram o palco de violentos confrontos na sequência de uma operação conjunta das forças armadas e da polícia de elite contra os traficantes de droga, entre 21 e 26 de novembro de 2010, no Complexo do Alemão. No decurso dessa intervenção, um dos assassinos fugitivos do jornalista Tim Lopes foi capturado. Por outro lado, um jornalista de Reuters ficou ferido num ombro.
Autêntica operação de guerra, a intervenção das forças da ordem contra um dos mais importantes bastiões do narcotráfico se destinava a desalojar o quartel-general da aliança entre o Comando Vermelho e os Amigos dos Amigos, dois poderosos grupos criminosos. A ofensiva causou a morte a cerca de vinte alegados traficantes.
No decorrer da operação, Eliseu Felício de Souza, antigo membro da quadrilha de “Elias Maluco” e considerado culpado do assassinato em 2002 de Tim Lopes, jornalista da TV Globo, foi finalmente detido. Conhecido como “O Zeu”, condenado por esse crime a vinte e três anos e meio de prisão, conseguira fugir em 2007 aproveitando um regime semiaberto. Desde essa altura, dirigia abertamente o seu negócio de venda de droga no Morro do Alemão.
Na mesma operação, Paulo Whitaker, fotógrafo brasileiro da agência britânica Reuters, foi ferido por uma bala perdida. Segundo a agência, se encontra felizmente fora de perigo. Com a aproximação da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, as autoridades cariocas e federais decidiram encetar uma guerra total contra a delinquência existente nas favelas.
No que respeita ao caso Tim Lopes, a detenção de “O Zeu” deve instar as autoridades judiciais a rever o sistema de redução de penas para alguns presos, o que evitaria ter que recorrer a posteriores operações militares.
Apesar da sua 58ª posição entre 178 países da nossa classificação mundial da liberdade de imprensa, o Brasil continua a ser um Estado perigoso para a segurança dos jornalistas. Prova disso foi a segunda quinzena do mês de outubro, quando três jornalistas foram assassinados, dos quais um devido às suas atividades profissionais.
Foto: AFP