Um dos suspeitos do assassinato de Carlos Cardoso foge da prisão
Na noite do dia 1 de Setembro de 2002, um dos seis acusados do assassinato do jornalista Carlos Cardoso (foto), conseguiu escapar da prisão de Maputo. "Exigimos que as autoridades empreguem todos os meios para que o suspeito seja recapturado imediatamente", declarou Robert Ménard, Secretário Geral de Repórteres sem Fronteiras.
Na noite do dia 1 de Setembro de 2002, Aníbal António dos Santos Júnior, um dos seis acusados do assassinato do jornalista Carlos Cardoso, conseguiu escapar da prisão de Maputo. "A fuga do suspeito é um erro inadmissível da administração penitenciária moçambicana. Exigimos que as autoridades empreguem todos os meios para que o suspeito seja recapturado imediatamente", declarou Robert Ménard, Secretário Geral de Repórteres sem Fronteiras, em carta ao Ministro da Justiça, José Ibraimo Abudo. "A resolução desse caso já está a demorar demais. Carlos Cardoso foi assassinado em Novembro de 2000. É preciso que o processo seja aberto o mais rápido possível. Em hipótese alguma esse crime deve ficar impune", acrescentou o Secretário Geral da organização.
De acordo com a polícia, no dia 1 de Setembro, por volta das 23 horas, Aníbal António dos Santos Júnior, mais conhecido como Anibalzinho, fugiu da prisão de máxima segurança de Maputo. Anibalzinho era um dos seis suspeitos do assassinato do jornalista Carlos Cardoso. Segundo a justiça, ele teria sido contratado por Momade Abdul Satar, um dos mandantes do crime, para matar Carlos Cardoso. A polícia não forneceu pormenores sobre a fuga.
Várias pessoas já tinham manifestado a sua preocupação com os problemas do sistema penitenciário de Moçambique. Em agosto, Momade Abdul Satar tinha sido transferido para uma "cela de isolamento" depois de um telemóvel ter sido encontrado em sua posse. De acordo com o semanário Domingo, a polícia disporia de informações segundo as quais o prisioneiro buscava uma forma de fugir da prisão.
Carlos Cardoso, Director do Metical, foi assassinado em 22 de Novembro de 2000, na avenida Mártires de Machava, em Maputo. Estava dentro do seu automóvel, juntamente com o seu motorista, quando dois homens bloquearam o caminho e abriram fogo sobre eles. Carlos Cardoso, baleado várias vezes na cabeça, teve morte instantânea. O motorista ficou gravemente ferido. O jornalista acabara de deixar a sede do jornal e se dirigia para a sua casa.
Antes de ser assassinado, Carlos Cardoso estava a fazer uma reportagem sobre o desaparecimento de 144 bilhões de meticais do Banco Comercial de Moçambique (BCM). O jornal Metical acompanhou de perto esse caso, exigindo o fim da impunidade e denunciando a ausência de investigações. Carlos Cardoso havia citado, em particular, os nomes dos irmãos Satar e de Vicente Ramaya nos seus artigos. Em Maio de 2002, a justiça apontou seis pessoas suspeitas de envolvimento no crime. Ayob Abdul Satar e Vicente Ramaya são acusados de ter instigado o assassinato, enquanto que Momade Abdul Satar, Anibalzinho e duas outras pessoas são acusadas de ter executado o crime. Desde então, os seis suspeitos aguardavam o processo na prisão de máxima segurança de Maputo. Antes da evasão, a imprensa local tinha divulgado, várias vezes, que o processo dos assassinos de Carlos Cardoso deveria ser aberto antes do final do ano.