Os responsáveis pelo seqüestro de três empregados do diário O Dia condenados a 31 anos de prisão
Repórteres sem Fronteiras exprime seu alívio após o anúncio da condenação, a 11 de agosto de 2009, de Odinei Fernandes da Silva, conhecido como “Zero Um”, e Davi Liberato de Araújo, ou “Zero Dois”, que seqüestraram e torturaram uma jornalista e um fotógrafo do diário O Dia, assim como seu motorista, em maio de 2008 na favela do Batan, no oeste do Rio de Janeiro. Os dois homens foram condenados cada um a trinta e um anos de prisão por “tortura”, “formação de quadrilha” e “roubo”.
“A condenação dos dois cérebros desse caso, que provocou uma comoção considerável, constitui um passo fundamental na luta contra a impunidade, em um momento em que a segurança dos jornalista brasileiros continua a ser uma questão de atualidade. Outros suspeitos, detidos no final de 2008, devem ainda ser julgados. Esta investigação revelou a grave cumplicidade que existe entre alguns elementos das forças da ordem e o crime organizado. Que a justiça seja feita representa um verdadeiro desafio de caráter nacional”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Odinei Fernandes da Silva, ex-inspetor da Polícia Civil, se entregara às autoridades a 16 de junho de 2008, após semanas de fuga. Davi Liberato de Araújo já havia sido detido doze dias antes. A jornalista e o fotógrafo de O Dia realizavam uma reportagem sobre o suposto envolvimento de agentes e antigos membros das forças de segurança no seio de uma milícia na comunidade do Batan. As vítimas, capturadas a 14 de maio, sofreram sete horas de suplícios nas mãos dos milicianos, que procuravam obter informações sobre a investigação da equipe de reportagem na favela.
No decurso da instrução processual, o juiz apurou que três das testemunhas de defesa haviam prestado falsos depoimentos. O advogado de defesa dos condenados, André Luiz Silva Gomes, refutou as provas e declarou que vai recorrer do veredicto.
O diário O Dia se felicitou de uma “decisão histórica”. “A justiça mostra que a sociedade não quer e não pode permitir que favelas virem feudos de senhores da guerra”, escreveu o jornal no seu editorial. Repórteres sem Fronteiras se reuniu com representantes da redação em julho de 2008. A jornalista e o fotógrafo, cuja identidade não foi revelada, procuraram refúgio fora do Estado do Rio de Janeiro logo depois de sua libertação.