O motivo passional contestado no assassinato a tiros de um jornalista do Mato Grosso
Jornalista político de renome do Mato Grosso e fundador do site Midianews, Auro Ida, de 53 anos, foi executado com seis tiros, na madrugada de 22 de julho de 2011, em Cuiabá, capital do Estado. Trata-se do quarto profissional da comunicação social assassinado no Brasil desde o início do ano. Repórteres sem Fronteiras, para além de expressar os seus pêsames à família e aos colegas da vítima, solicita que a investigação não coloque de parte a pista profissional em favor da motivação passional, até ao momento privilegiada.
Auro Ida encontrava-se no seu automóvel, acompanhado de sua namorada, de 19 anos, quando surgiu um indivíduo de bicicleta que mandou a jovem sair do carro e afastar-se, antes de abrir fogo e atingir o jornalista com seis balas na cabeça e no peito. O assassino, por enquanto em paradeiro desconhecido, pôs-se em fuga a pé.
Os investigadores atribuíram preliminarmente o crime a ciúmes. No entanto, a motivação passional foi posta em causa pelo deputado José Riva, presidente da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, citado pelo site Página Única, segundo o qual Auro Ida lhe teria dito recentemente que havia recebido ameaças relacionadas com sua atividade de jornalista, mas sem adiantar mais pormenores.
“Pedimos ao deputado que forneça o mais depressa possível elementos mais precisos que permitam avançar com a investigação. Como nos casos anteriores, o modo operatório do assassino se assemelha aos métodos do crime organizado, bem presente nessa região do país. A hipótese passional, embora não possa ser excluída, não pode por de parte a motivação ligada à atividade profissional”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Os riscos para a segurança dos jornalistas permanecem elevados em certas áreas do Brasil. Contudo, também se registam alguns progressos recentes na luta contra a impunidade. No passado dia 3 de julho, cinco indivíduos foram detidos no âmbito da investigação sobre o assassinato, a 15 de junho, do blogueiro Ednaldo Figueira. Porém, ainda estão por determinar o móbil do crime e seu mandante.