O balanço agrava-se após o segundo assassinato de um jornalista em menos de um mês
O móbil ainda não foi apurado no assassinato a tiros de Valério Nascimento, a 3 de maio de 2011 em Rio Claro (RJ). Implicado na vida política local, a vítima havia denunciado recentemente, como jornalista, um caso de corrupção.
“Valério Nascimento perdeu a vida no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O seu assassinato relembra que o Brasil, apesar dos recentes avanços legislativos e de seus esforços na luta contra a impunidade, continua sendo um país perigoso para a profissão. O balanço é pesado, com dois jornalistas mortos desde o início do ano e um terceiro, bloguista, que sobreviveu a um atentado. Ao mesmo tempo que homenageamos Valério Nascimento, pedimos aos investigadores policiais que tenham presente a pista profissional e que obtenham resultados rapidamente”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Valério Nascimento foi morto por dois disparos, um na cabeça e outro nas costas, à porta de sua residência. Até ao momento, os investigadores ainda não dispõem de mais informações relativas às circunstâncias do crime.
Proprietário e diretor do jornal Panorama Geral, presidente de uma associação de moradores da região e antigo candidato a vereador das localidades de Rio Claro e Angra dos Reis, Valério Nascimento tinha noticiado, no passado dia 29 de abril, irregularidades na gestão do prefeito de Bananal (SP). Citado pelo diário O Globo, o policial responsável pela investigação, Carlos Matos, afirmou privilegiar a pista política. A mesma fonte policial garante que Valério Nascimento havia publicado mais notícias sobre outros casos envolvendo a prefeitura de Bananal.
Valério Nascimento é o segundo jornalista assassinado no espaço de um mês. A 9 de abril, Luciano Leitão Pedrosa, funcionário da Rádio Metropolitana FM e apresentador de um programa no canal privado local TV Vitória, foi morto a tiros em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco. A 23 de março de 2011, o bloguista Ricardo Gama sobreviveu milagrosamente a um atentado no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. No primeiro caso, a vítima cobria temas relativos ao crime organizado. No segundo, se interessa por assuntos políticos sensíveis.