Motivo ainda por determinar no assassinato de blogueiro e político do Rio Grande do Norte
Ednaldo Figueira, blogueiro e político, foi encontrado morto a 15 de junho de 2011, em Serra do Mel, no Rio Grande do Norte. Presidente municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual pertencem a Presidente do país Dilma Rousseff e seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, a vítima colaborava regularmente no blogue Serra do Mel. Também era o fundador e proprietário do diário O Serrano.
Ednaldo Figueira acabava de publicar uma reportagem, junto com uma sondagem, sobre a gestão do orçamento municipal. Era conhecido por ser o principal opositor do prefeito de Serra do Mel, Josivan Bibiano de Azevedo, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Aos 36 anos, o blogueiro foi assassinado com seis balas. Três desconhecidos de moto atingiram-no à saída de seu trabalho. O presidente do PT do Rio Grande do Norte, Eraldo Paiva, afiançou ao Diário de Natal que a vítima já recebera ameaças. O mesmo dirigente anunciou a criação de uma comissão de investigação sobre o caso.
“O contexto de sérias tensões políticas constatado em Serra do Mel leva a privilegiar a pista política. No entanto, ter um blogue e tratar do tema sensível que é a corrupção constitui um risco no Brasil, como já demonstrou em março desse ano o atentado de que escapou com vida Ricardo Gama, no Rio de Janeiro. Será fundamental, nesse novo caso, que o conjunto da classe política local se mobilize pela averiguação da verdade, em nome da defesa das liberdades e do debate democrático”, declarou Repórteres sem Fronteiras. A organização relembra ainda a forte presença na região do crime organizado, o qual poderia estar por trás desse assassinato, tendo em conta o modo operatório.
O Brasil já contabiliza dois jornalistas assassinados desde o início de 2011. Luciano Leitão Pedrosa, funcionário da Rádio Metropolitana FM e apresentador de um programa no canal local TV Vitória, foi abatido a 9 de abril no Pernambuco. Já Valério Nascimento, proprietário e diretor do jornal Panorama Geral, foi morto a 3 de maio no estado do Rio de Janeiro. Em ambos os casos, a investigação alcançou escassos resultados, apesar dos sucessos na luta contra a impunidade em crimes anteriores.