Jornalista septuagenário é espancado até a morte por vereador
Repórteres sem Fronteiras exprime sua náusea ao ter notícia do assassinato, no dia 24 de julho de 2006, em Guapirimim (Estado do Rio de Janeiro), de Ajuricaba Monassa de Paula, 73 anos, membro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). O jornalista independente, que fazia parte da oposição local, foi espancado até a morte por um vereador de quem estava criticando as práticas irregulares de gestão.
“Esse assassinato é particularmente covarde e abominável. Revela também o incrível desprezo que os poderes políticos às vezes têm pela imprensa local. Associamo-nos ao apelo que a ABI lançou à Governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, para que um inquérito aprofundado apure as circunstâncias exatas da morte de Ajuricaba Monassa de Paula e para que esse crime não fique impune”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
No dia 24 de julho, na praça central da cidade de Guapirimim, Ajuricaba Monassa de Paula estava conversando com um parente do vereador Osvaldo Vivas, de quem criticava as práticas administrativas duvidosas. Este último, faixa-preta em lutas marciais, interveio na discussão e começou a espancá-lo brutalmente, até deixá-lo desfalecido no chão. Transferido para o hospital e internado numa unidade de terapia intensiva, o jornalista não resistiu aos ferimentos.
Ajuricaba Monassa de Paula, que faria 74 anos no próximo dia 5 de novembro, começou a vida profissional como jornalista no diário comunista carioca Imprensa Popular. Radicado em Guapimirim, tornou-se fiscal do trabalho e comerciante, mas continuava colaborando em vários sites e revistas. Oponente convicto da equipe muncipal, criticava a opacidade de sua gestão e as promessas não cumpridas. Grande parte dos moradores de Guapirimim partilhava suas idéias. No primeiro semestre, cerca de mil pessoas bloquearam uma estrada, em sinal de protesto contra a administração local.
Em carta dirigida à Governadora do Estado do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, Maurício Azêdo, Presidente da ABI, afirmou temer “que o crime seja abafado e que os assassinos de Ajuricaba Monassa permaneçam impunes”.