Jornalista do Dia é ameaçada e obrigada a esconder-se
Repórteres sem Fronteiras está preocupada com as ameaças de que está sendo vítima a jornalista Maria Mazzei, e que a obrigaram a esconder-se em lugar seguro desde 15 de agosto. Essas intimidações ocorreram após artigos que denunciavam tráfico de corpos humanos no Rio de Janeiro.
Repórteres sem Fronteiras está consternada com as ameaças de que vêm sendo vítimas, desde 15 de agosto, a jornalista do Dia, Maria Mazzei, e sua família. Essas intimidações ocorreram após a publicação de reportagens sobre o tráfico de corpos humanos no Rio de Janeiro. Os artigos afirmavam que funcionários do Instituto Médico-Legal (IML) vendiam cadáveres à « Máfia dos Corpos ».
“Estamos profundamente inquietos com esses atos reiterados de violência contra jornalistas brasileiros que realizam inquéritos sobre casos “delicados” e, mais particularmente, depois que Maria Mazzei foi obrigada a esconder-se em virtude de ameaças. Pedimos que as autoridades locais e federais identifiquem o quanto antes os autores dessas intimidações. Urge que o Estado reaja frente ao aumento da violência, para que a profissão de jornalista possa ser exercida livremente e sem temor. Lembramos que esse caso está acontecendo 48 depois do final do seqüestro, em São Paulo, do jornalista da TV Globo, Guilherme Portanova, e do técnico Alexandre Coelho”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Maria Mazzei, jornalista do diário carioca O Dia, escreveu várias reportagens sobre a “Máfia dos Corpos”, revelando roubos de cadáveres utilizados em golpes contra seguradoras. Em 12 de agosto, Maria tinha entrevistado um antigo oficial da Marinha Mercante, Yussef Georges Sarkis, 52 anos, acusado de ter simulado a própria morte para receber cerca de 1 milhão de reais do seguro de vida. A entrevista foi gravada e nela Yussef chegou até a declarar que, entre seus amigos, havia seqüestradores e policiais.
Após a publicação dos artigos, a jornalista começou a receber ameaças por telefone, e os vizinhos declararam ter visto, por várias vezes, um automóvel suspeito passar por seu domicílio. O Dia comunicou o fato às autoridades policiais e transferiu a jornalista e sua família, escoltadas pela polícia, para um lugar seguro.
Na segunda-feira, dia 15 de agosto, o jornal enviou carta ao Secretário de Segurança, Roberto Precioso : « O jornal tomou todas as medidas ao seu alcance, mas questões de segurança competem direta e definitivamente ao Estado, e cabe a ele, agora, garantir a proteção constante de Maria Mazzei e sua família, até que os criminosos envolvidos nesse caso sejam presos e entregues à Justiça ». Roberto Precioso considerou as ameaças como inaceitáveis e afirmou que a polícia identificaria os responsáveis.
Entre as pessoas implicadas no caso, haveria funcionários do Instituto Médico-legal, agentes funerários e especialistas em golpes contra seguradoras.