Jornalista defensor do meio ambiente sofre intimidações e ameaças de morte : autoridades só reagem um mês após a queixa
Repórteres sem Fronteiras deplora a passividade das autoridades de Niterói (Estado do Rio de Janeiro) frente às ameaças e intimidações sofridas por Vilmar Berna (foto), especialista do meio ambiente e diretor do diário Jornal do Meio Ambiente. Levou um mês para que a polícia transmitisse sua queixa à justiça local.
Repórteres sem Fronteiras deplora a passividade das autoridades de Niterói (Estado do Rio de Janeiro) para tratarem da queixa de Vilmar Berna, diretor do Jornal do Meio Ambiente e fundador da Rede Brasileira de Informação Ambiental (REBIA). O jornalista e defensor do meio ambiente, vítima de ameaças de morte e de repetidas intimidações há mais de um mês, deu queixa à Polícia em 7 de junho de 2006. Esta só foi transmitida à justiça local em 5 de julho.
“Foi necessário reação da imprensa nacional para que a justiça levasse a sério o caso de Vilmar Berna. Esse famoso especialista do meio ambiente já tinha recebido ameaças anteriormente. Teve até que sair por duas vezes da própria cidade, Niterói. Como explicar o fato de que as autoridades policiais e judiciárias tenham levado tanto tempo para reagir, já que estavam forçosamente a par da situação? Pedimos que, além de inquérito judicial, seja aberto inquérito administrativo para determinar as razões dessas falhas no processo”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Diretor do Jornal do Meio Ambiente, que reúne o diário que tem o mesmo nome, uma revista (Revista do Meio Ambiente) e um site Internet (Portal do Meio Ambiente), Vilmar Berna tinha sistematicamente denunciado em seus artigos a poluição das águas, a pesca clandestina e as ameaças que planam sobre a fauna marinha legalmente protegida na Baía de Guanabara. O jornalista revelou principalmente a utilização, pelos pescadores, de redes de malha fina que, no entanto, estão proibidas.
No início do mês de maio de 2006, um cadáver ensangüentado, parcialmente cremado, tinha sido colocado na frente do domicílio de Vilmar Berna. Desde então, o jornalista foi vítima de constantes ameaças. Uma voz não identificada de mulher avisou-o diversas vezes, por telefone, de que seria morto. Em seguida, um amigo segredou-lhe que uma expedição punitiva contra ele estava sendo programada, que seria morto a pancadas e seu corpo, jogado ao mar. E, por fim, na madrugada de 27 de maio, seis homens invadiram sua casa para ameaçá-lo.
Vilmar Berna deu queixa no dia 7 de junho junto à Polícia de Niterói e contratou dois guarda-costas em sua casa. Mas, por falta de recursos financeiros, o jornalista despediu estes últimos no mesmo mês de junho. Em 3 de julho, também escreveu carta ao Secretário Nacional dos Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vanuch. Na véspera, o jornal Folha de São Paulo tinha publicado artigo sobre o jornalista. Vilmar Berna afirmou a Repórteres sem Fronteiras que a mediatização de seu caso havia subitamente acelerado o processo. No dia 5 de julho, isto é, um mês após ter dado queixa, esta foi, enfim, transmitida à justiça local.