Incêndio criminoso de redação em Minas Gerais : “um episódio que lembra outros semelhantes”
Repórteres Sem Fronteiras conclama as autoridades do Estado de Minas Gerais (Região Sudeste) a investigar e identificar o mais rápido possível os autores do incêncio criminal que destruiu, no dia 9 de abril de 2007, em Várzea da Palma, as instalações do bimestral Tribuna do Povo. A revista vinha denunciando irregularidades na administração municipal.
Repórteres Sem Fronteiras condena veementemente o incêndio criminoso que destruiu a sede da redação do Tribuna do Povo, em 9 de abril de 2007, na cidade de Várzea da Palma, Minas Gerais. A Organização espera que os autores do crime sejam rapidamente identificados. O episódio tem semelhanças com outro incêndio ocorrido no Estado de São Paulo há menos de dois anos.
”O incêndio criminoso da redação da Tribuna do Povo recorda-nos, lamentavelmente, um outro, que provocou a destruição da sede de um diário e duas estações de rádio em Marília, no Estado de São Paulo, em setembro de 2005. Esses veículos da mídia pagaram um preço alto pelas críticas que vinham fazendo à administração do prefeito local. Não se pode descartar a hipótese de que o incêndio de agora tenha as mesmas motivações, já que a Tribuna do Povo atuava na mesma linha editorial. Esperamos que as autoridades identifiquem rapidamente os autores desse crime”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Na manhã de 9 de abril, a sede do bimestral Tribuna do Povo, situada em Várzea de Palma (a 300 quilômetros ao Norte de Belo Horizonte), foi seriamente atingida por um incêndio que destruiu principalmente móveis da redação e computadores. Felizmente, a essa hora, não havia ninguém no local. Um vizinho alertou a polícia. Ao chegarem ao jornal, os policiais encontraram galões de gasolina. A perícia concluiu que se tratava de um incêndio criminoso. No entanto, os policiais encarregados do inquérito não têm pistas sobre elementos envolvidos.
Fundada e dirigida por Dirceu Marques de Oliveira e Artur Nascimento, que se encontravam fora da cidade no momento do incêndio, a Tribuna do Povo tinha denunciado inúmeras irregularidades na gestão dos recursos públicos da cidade de Várzea de Palma.
Em Marília, as suspeitas de irregularidades denunciadas pela imprensa local e envolvendo políticos, inclusive o antigo prefeito, Abelardo Camarinha, foram apontadas como o principal motivo do incêndio criminoso que atingiu, em 8 de setembro de 2005, o Diário de Marília e as estações de rádio Diário FM e Dirceu AM. Em 25 de janeiro de 2006, a justiça do Estado de São Paulo condenou os três acusados a 12 anos de prisão. Abelardo Camarinha e seu filho Vinícius, deputado pelo Estado de São Paulo, que acabaram sendo absolvidos, organizaram uma operação para impedir a circulação do Diário de Marília no dia 3 de outubro de 2006, data marcada para as eleições gerais no país.