Condenado pelo assassinato de Tim Lopes, Eliseu de Souza dedica-se tranquilamente ao seu negócio de droga no Rio
Declarado culpado do assassinato, em 2002, de Tim Lopes, jornalista da TV Globo, Eliseu Felício de Souza, conhecido como “Zeu”, foragido há cerca de três anos, dedica-se sem entraves ao tráfico de droga na zona norte do Rio de Janeiro. Uma reportagem transmitida pela TV Globo mostra-o circulando pela favela do Morro do Alemão, armado e vendendo crack em plena luz do dia. Embora as autoridades do Estado do Rio tenham oferecido uma recompensa por qualquer informação que possa levar à sua captura, já foram recebidas mais de uma centena de chamadas de moradores alertando a polícia das atividades de “Zeu” (link de vídeo: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/08/condenado-por-assassinato-de-tim-lopes-vende-drogas-em-favela-do-rio.html).
É incompreensível que as autoridades do Rio permitam que perdure uma situação que constitui uma ofensa à memória de Tim Lopes. A reportagem sobre a “nova vida” de Eliseu Felício de Souza deverá colocar um ponto final à sua incrível passividade perante um tal escândalo. Por outro lado, é igualmente chocante que tenha sido concedido com tanta rapidez um regime de semi-liberdade ao autor de um crime desta violência. Os critérios para os ajustes de pena devem, em nossa opinião, ser revistos.
Condenado a vinte e três anos e meio de prisão pela sua participação no assassinato de Tim Lopes, “Zeu” aproveitara a sua primeira autorização de saída, no âmbito do regime semi-aberto obtido após cinco anos de detenção, para pôr-se em fuga.
Tim Lopes desapareceu na noite de 2 a 3 de junho de 2002, quando levava a cabo uma investigação com câmara escondida sobre a exploração sexual de menores na favela de Vila Cruzeiro. O seu cadáver calcinado foi achado dias depois. “Zeu” comprou a gasolina com que foi queimado o corpo do jornalista, vítima de torturas antes de ser executado. No total, sete pessoas envolvidas no seu assassinato foram condenadas a penas compreendidas entre vinte e três e vinte e oito anos de prisão.
Outro dos condenados, Ângelo Ferreira da Silva, à semelhança de “Zeu” beneficiário de um regime semi-aberto, também aproveitara para fugir no passado mês de maio, antes de se entregar às autoridades.
Considerando a crueldade com que o jornalista foi torturado e executado, expressamos a nossa surpresa perante o fato que vários dos seus assassinos tenham podido desfrutar de um regime de semi-liberdade menos de cinco anos após terem sido julgados.