Brasil: RSF condena tentativa de homicídio do jornalista Vinícius Lourenço, no estado do Rio de Janeiro
Após a tentativa de homicídio do jornalista Vinícius Lourenço e o incêndio criminoso do veículo do blogueiro Eduardo César em Magé, município do estado do Rio de Janeiro, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) apela às autoridades para que conduzam investigações exaustivas e transparentes, para não deixar os crimes impunes e garantir a proteção dos dois jornalistas.
“Eles tentaram me calar, mas graças a Deus estou aqui”. Na noite de 17 de agosto de 2021, o jornalista Vinícius Lourenço, fundador do site de notícias Portal Impacto News, foi atacado a balas em seu veículo enquanto dirigia entre Piabetá e Magé, duas cidades do estado do Rio de Janeiro. Apesar de terem mirado e disparado em direção à cabeça do jornalista, ele escapou ileso graças ao veículo blindado que utiliza há dez anos. Embora não tenha relatado receber ameaças, Lourenço afirmou, em um vídeo gravado em frente à delegacia de Magé, que a tentativa de homicídio que sofreu está intimamente ligada à sua atividade jornalística.
Em 8 de agosto passado, o blogueiro Eduardo César também foi alvo de um atentado em Magé: seu veículo, estacionado em frente à sua casa, foi incendiado durante a noite. Em seu blog Notícias Tarja Preta, Eduardo César afirma que o incêndio foi criminoso, pois uma das portas do carro foi arrombada e o incêndio se iniciou no banco traseiro.
Vinícius Lourenço e Eduardo César têm em comum a cobertura da atualidade e da política da cidade de Magé, e em particular os diversos problemas relacionados à gestão do prefeito Renato Cozzolino. No dia 17 de agosto, mesmo dia do ataque a Vinícius Lourenço, os dois comunicadores fizeram uma live no Facebook para tratar do ataque que Eduardo César já havia sofrido. No vídeo, o blogueiro do Notícias Tarja Preta declara “considerar-se um homem já morto”.
“Esses ataques são extremamente preocupantes e não podem ficar impunes. É inaceitável que jornalistas que trabalham com temas relacionados à política local possam ser alvo dessa violência”, declarou o diretor do escritório da Repórteres sem Fronteiras (RSF) para a América Latina, Emmanuel Colombié. “A RSF insta as autoridades a conduzirem uma investigação abrangente e exemplar sobre a tentativa de homicídio e o incêndio criminoso, e a garantir a proteção dos dois jornalistas.”
O Programa Nacional de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas, por meio da entidade gestora no estado do Rio de Janeiro, com a qual a RSF mantém contato, informou que acompanha os dois casos.
O Brasil continua sendo um país particularmente violento para a imprensa, sobretudo no âmbito local. Jornalistas são frequentemente atacados e até assassinados por seu trabalho. Na maioria dos casos, esses repórteres, locutores de rádio, blogueiros e outros atores da informação atacados cobriam e investigavam tópicos relacionados a corrupção, políticas públicas ou crime organizado, particularmente em cidades de pequeno e médio porte em todo o país, nas quais são mais vulneráveis.
O Brasil ocupa o 111o lugar de 180 no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa estabelecido pela RSF.