Autoridades angolanas censuram cobertura de manifestação
No dia 29 de Julho, a Rádio Despertar foi cercada pela polícia. Um dos seus jornalistas, Gonçalves Vieira, foi detido e impedido de realizar a cobertura de uma manifestação pacífica.
Na manhã de 29 de Julho, a sede da Rádio Despertar em Luanda foi cercada por um plantão de polícias armados. Um dos jornalistas da estação, Gonçalves Vieira, foi detido em Luanda durante duas horas quando tentava cobrir os preparativos de uma manifestação pacífica organizada sob o lema “Chega de prisões arbitrárias e perseguições políticas em Angola”. Conseguiu enviar uma mensagem aos seus colegas informando-os da detenção e de que estava a ser transferido.
“Condenamos absolutamente estas manobras de intimidação destinadas a impedir os jornalistas de desempenharem a sua profissão. Foi o caso de Gonçalves Vieira, que fazia apenas o seu trabalho ao acompanhar os preparativos da manifestação, declarou Cléa Kahn-Sriber, responsável da secção África de Repórteres sem Fronteiras. Recordamos que se tratava de uma manifestação que, ao contrário do que possa afirmar a polícia, havia sido previamente anunciada e autorizada.”
De acordo com o diretor-adjunto da Rádio Despertar, Queirós Anastácio Chiluvia, um dos 100 heróis da liberdade de informação para Repórteres sem Fronteiras, a rádio foi rodeada desde a 10 horas da manhã por polícias em uniforme e à paisana. Para o jornalista, tratou-se de uma manobra de intimidação para que a rádio não cobrisse a manifestação, marcada para as 15 horas. Uma operação bem-sucedida, já que os jornalistas da redação, assustados pela presença dos agentes policiais, permaneceram nas instalações da rádio.
A Rádio Despertar, financiada pelo principal partido da oposição, a UNITA, já havia sido alvo de outras ações de intimidação no ano passado. O próprio Anastácio Chiluvia fora então condenado a seis meses de prisão com pena suspensa.
No passado dia 23 de Julho, Nelson Sul de Angola, correspondente da rádio Deutsche Welle e de Semanário Angolese, foi detido e o seu material foi confiscado quando fotografava a fachada da prisão Colomboloca, onde se encontram presos desde o dia 20 de Junho alguns dos quinze jovens ativistas detidos à saída de uma reunião sobre políticas públicas por suposta “perturbação da segurança pública” e “preparação de rebelião”. Esta detenção arbitrária de jovens militantes, que não foram ainda acusados de nenhum delito, foi vigorosamente denunciada por organizações de defesa dos direitos humanos, nomeadamente a Amnisty International.
Angola ocupa a 123ª posição na Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa 2015, elaborada por Repórteres sem Fronteiras.