Assassinato do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho : elementos da Polícia Militar indiciados no inquérito

Repórteres sem Fronteiras leva ao conhecimento público seu pesar pelo assassinato de Luiz Carlos Barbon Filho, 37 anos, cronista do semanário Jornal do Porto e do diário JC Regional, ocorrido na noite de 5 de maio de 2007.

De acordo com artigo publicado na Folha de São Paulo, em 8 de junho de 2007, agentes da Polícia Militar de Porto Ferreira (Estado de São Paulo) estariam implicados no assassinato, em 5 de maio de 2007, de Luiz Carlos Barbon Filho, colaborador do semanário Jornal do Porto e do diário JC Regional. Em um dos seus artigos, o jornalista acusara quatro empresários e cinco funcionários de Porto Ferreira de abusos sexuais em adolescentes, no ano de 2003.

O inquérito sobre a morte do jornalista foi confiado à Delegacia de Investigações Gerais (DIG), para evitar pressões políticas sobre a Polícia de Porto Ferreira. Um comandante da Polícia Militar da região, Marli Rossi Silva dos Reis, negou ter conhecimento de qualquer “envolvimento da Polícia Militar no assassinato”.

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10.05.07 - Jornalista é morto a tiros no interior de São Paulo, em 5 de maio de 2007

Repórteres sem Fronteiras leva ao conhecimento público seu pesar pelo assassinato de Luiz Carlos Barbon Filho, 37 anos, cronista do semanário Jornal do Porto e do diário JC Regional, ocorrido na noite de 5 de maio de 2007. O jornalista ficou conhecido por numerosas acusações contra políticos locais e tinha muitos inimigos. Sua mulher, Kátia Rosa, confirmou que ele havia recebido ameaças de morte por telefone. Luiz Carlos foi morto por dois homens de motocicleta, em Porto Ferreira (São Paulo). A Organização apresenta suas mais sinceras condolências à família do jornalista.

“Estamos profundamente chocados com a morte brutal do jornalista. Esse assassinato constitui novo testemunho da persistente violência contra a imprensa regional. A polícia privilegia a pista profissional : em 2003, Luiz Carlos Barbon Filho havia denunciado abusos sexuais em menores, praticados por políticos e empresários de São Paulo. O Brasil continua a ser um país perigoso para os jornalistas. Desde 2002, nove jornalistas já foram mortos no país“, declarou Repórteres sem Fronteiras.

Recentemente, o jornalista havia acusado quatro empresários e cinco funcionários públicos de Porto Ferreira por terem explorado sexualmente adolescentes, em 2003. Na época, o assunto virou manchete de jornal. Dentre todas as pessoas acusadas, só um garçom, suposto organizador dessas noitadas, está preso. Um dos empresários recebeu indulto, outro fugiu. Um dos funcionários públicos está em liberdade condicional e outro foi reeleito, depois de obter redução de pena.

João Roberto Bellini, dono do Jornal do Porto, afirmou a Repórteres sem Fronteiras que Luiz Carlos Barbon Filho não era funcionário do jornal, mas que nele costumava publicar artigos : “Esses artigos levantavam polêmicas e faziam com que o município se mexesse. A classe política realmente não apreciava seus artigos, pois, neles, o jornalista criticava constantemente as autoridades. Em todo caso, é fato extremamente deplorável, terrivelmente selvagem. Essa execução em público mostra, de modo bastante claro, que o que se quer é fazer a imprensa calar-se.“

A Polícia ainda não tem nenhum indício sobre a identidade dos dois assassinos, mas pensa que o crime foi premeditado.

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Updated on 16.10.2016