Vigésimo assassinato de jornalista no estado mexicano de Veracruz
O assassinato do jornalista Ricardo Monlui, no domingo 19 de março em Yanga, eleva a 20 o número de jornalistas assassinados no estado de Veracruz desde 2000. A Repórteres sem Fronteiras (RSF) insta a equipe do novo governador a proteger os jornalistas e colocar um fim a essa espiral de violência no estado.
O jornalista Ricardo Monlui (57 anos) foi abatido a tiros no domingo 19 de março no município de Yanga (próximo à cidade de Córdoba, no estado de Veracruz) quando saía de um restaurante com sua esposa e seus filhos, dirigindo-se ao seu carro.
Ricardo Monlui era diretor do jornal local El Politico e editorialista para os jornais Diario de Xalapa e El Sol de Córdoba, no qual mantinha sua coluna intitulada "Crisol". Era também presidente da associação de jornalistas e fotojornalistas de Córdoba.
Em suas publicações, abordava, com frequência, os conflitos entre as autoridades de Veracruz e os produtores e trabalhadores do setor canavieiro, uma das principais atividades da região. Na véspera de seu assassinato, um artigo publicado no El Politico abordava a morte suspeita de um suposto jornalista da região, sobre o corpo do qual foi deixado uma mensagem associando-o aos Los Zetas, principal cartel presente em Veracruz (na lista dos predadores da liberdade de imprensa da RSF).
"A RSF pede à justiça de Veracruz que identifique o mais rapidamente possível os autores deste assassinato e que privilegie a pista profissional. As autoridades de Veracruz devem também disponibilizar para a família e para seus colaboradores todas as medidas de proteção necessárias, declara Emmanuel Colombié, diretor do escritório para a América Latina da organização. O novo governador de Veracruz, por sua vez, deve divulgar suas intenções e seus planos para estancar o fluxo de violência que se abate sobre a imprensa de Veracruz há muitos anos".
Ricardo Monlui não havia informado ameaças recentes e não se beneficiava de nenhuma medida de proteção específica, mas havia sido vítima de uma tentativa de assassinato em dezembro de 2012.
Trata-se do 20o jornalista assassinado em Veracruz desde 2012 e do primeiro após a posse do novo governador, Miguel Ángel Yunes Linare, em dezembro de 2016.
Em um relatório intitulado: "Veracruz, os jornalistas diante do medo", publicado no dia 2 de fevereiro de 2017, a RSF detalha as dificuldades de se exercer o trabalho de jornalista nesse estado que se encontra entre os mais violentos do México e do continente, propondo uma série de recomendações, como a que pede a Miguel Ángel Yunes Linares que "instaure uma política clara, eficaz e transparente para garantir a segurança dos jornalistas e o livre exercício da profissão no estado, através de objetivos precisos e reforçando as instâncias encarregadas de garantir essa liberdade de expressão".
O México ocupa a 149a posição de 180 no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa estabelecido pela RSF em 2016.