Sexto assassinato de jornalista no México desde o início do ano: o que fazem as autoridades para proteger a imprensa?
Após o assassinato do jornalista Javier Valdez Cárdenas, em 15 de maio de 2017, no estado de Sinaloa, e o ataque armado contra uma equipe de repórteres no estado de Guerrero, dois dias antes, a RSF soa novamente o alarme em um apelo para que as autoridades mexicanas reforcem os mecanismos de proteção e acabem com a impunidade dos crimes cometidos contra a imprensa.
O jornalista e escritor Javier Valdez Cárdenas foi abatido a tiros em plena luz do dia na segunda-feira, dia 15 de maio de 2017, em sua cidade de Culiacán, capital do estado de Sinaloa. Javier Valdez Cárdenas, 50 anos, era um repórter experiente e muito conhecido no México. Especializado em narcotráfico, havia publicado em 2016 um livro intitulado "Narco Periodismo. La prensa en medio del crimen y la denuncia" ("Narcojornalismo, a imprensa entre o crime e a denúncia"). Ele trabalhava para o diário de distribuição nacional La Jornada, o semanário local Río Doce e colaborava com a AFP há mais de dez anos.
"A RSF denuncia com a maior firmeza esse ato odioso e faz um apelo às autoridades locais e nacionais para que identifiquem e prendam o mais rapidamente possível os responsáveis por este assassinato, declarou Emmanuel Colombié, diretor do escritório para a América Latina da RSF. Essa onda de violência explicita mais uma vez o estado de urgência no qual estão mergulhados os jornalistas mexicanos, especialmente aqueles que cobrem temáticas ligadas ao narcotráfico e ao crime organizado, tornando-se alvos sistemáticos, acrescentou Emmanuel Colombié. O governo mexicano deve determinar a extensão da situação e reforçar o mais rapidamente possível os mecanismos de proteção para jornalistas."
No sábado, dia 13 de maio, uma equipe de sete jornalistas também foi atacada por um grupo de uma centena de homens armados próximo à cidade de Acapetlahuaya, no estado de Guerrero.
Os jornalistas, que trabalham para La Jornada, Vice News, Hispano Post, Quadratin, Imagen TV e Bajo Palabra, foram interceptados em seu veículo quando voltavam de uma ida à cidade de San Miguel Totolapan, para cobrir uma operação da polícia local contra uma quadrilha ativa na região. Os agressores obrigaram o veículo dos jornalistas a parar, proferiram ameaças de morte e roubaram todo o material antes de deixar que o comboio seguisse caminho, alguns minutos mais tarde.
Desde o início de 2017, seis jornalistas foram assassinados no México, sendo quatro em relação direta com sua atividade jornalística, o que torna o país o mais mortífero do mundo para a profissão.
O México ocupa o 147o lugar em 180 no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa estabelecido pela RSF em 2017. Em seu relatório "Veracruz, os jornalistas diante do medo", publicado em fevereiro de 2017, a RSF propõe uma série de recomendações para que as autoridades federais e locais acabem com essa espiral de violência.