RSF e parceiros lançam comissão internacional para elaborar carta sobre IA na mídia
A rápida disseminação da inteligência artificial (IA) no setor da mídia representa uma grande ameaça à integridade da informação. A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e seus parceiros lançaram uma comissão internacional para desenvolver uma carta destinada a regulamentar o uso da IA na mídia. A comissão é presidida pela ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Maria Ressa.
A comissão é composta por 21 personalidades de 13 países diferentes: acadêmicos e profissionais das áreas de jornalismo, IA e tecnologias digitais. Liderada por Maria Ressa, jornalista e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2021, a comissão internacional apresentará os resultados do trabalho antes do final de 2023. Seu papel é elaborar um conjunto de princípios, direitos e obrigações para profissionais da informação no uso de sistemas baseados em IA.
A iniciativa foi lançada e é liderada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em parceria com as principais ONGs de defesa do jornalismo (FPU, EJN, CPJ, IPI, GFMD), organizações representativas dos meios de comunicação para a imprensa (WAN-IFRA) e televisão (ABU, EBU), bem como consórcios de jornalismo investigativo (ICIJ, OCCRP). A notoriedade dos membros e a diversidade das organizações parceiras devem tornar o texto uma referência no setor de mídia.
Lista de membros da comissão:
- Maria Ressa (presidente), ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2021, jornalista e fundadora do Rappler (Filipinas)
- Charlie Beckett, professor do Departamento de Mídia e Comunicações da London School of Economics (Reino Unido)
- Emily Bell, professora da Columbia School of Journalism e diretora do Tow Center for Digital Journalism (EUA)
- Veysel Binbay, Diretor de Tecnologia da Asian Broadcasting Union (ABU) (Malásia)
- Lisa Campbell, Diretora de Comunicações da Independent Television Network (ITN) (Reino Unido)
- Camille François, professora da Columbia University School of International and Public Affairs (França)
- Jodie Ginsberg, presidente do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) (Estados Unidos)
- Ruth Kronenburg, Diretora Executiva da Free Press Unlimited (Países Baixos)
- Gary Marcus, professor emérito de psicologia e neurociência na Universidade de Nova York, autor e fundador de empresas especializadas em IA (EUA)
- Frane Maroevic, Diretor Executivo do International Press Institute (IPI) (Áustria)
- Mira Milosevic, Diretora Executiva do Global Forum for Media Development (GFMD) (Sérvia)
- Tabani Moyo, Presidente do International Freedom of Expression Exchange (IFEX), Diretor Regional do Media Institute of Southern Africa (MISA) (Zimbábue)
- Bruno Patino, presidente do canal franco-alemão Arte (França)
- Paul Radu, co-fundador do Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) (Romênia)
- Martha Ramos, Presidente do World Editors Forum da World Association of News Publishers (WAN-IFRA) (México)
- Stuart Russell, professor de ciência da computação na Universidade da Califórnia, Berkeley e fundador do Center for Human-compatible AI (CHAI) (EUA)
- Gerard Ryle, diretor do International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ)
- Eric Scherer, Presidente do Comitê de Notícias da European Broadcasting Union (EBU) e Diretor do News MediaLab e Assuntos Internacionais da France Télévisions (França)
- Anya Schiffrin, diretora da especialização em tecnologia, mídia e comunicação da Columbia University (Estados Unidos)
- Wairagala Wakabi, Diretor Executivo da Collaboration on International ICT Policy in East and Southern Africa (CIPESA) (Uganda)
- Aidan White, fundador da Ethical Journalism Network (EJN) e ex-secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) (Reino Unido)
A IA vai, de fato, transformar radicalmente o mundo do jornalismo. Como assegurar o direito à informação confiável quando a maioria dos textos e imagens são gerados por IA? Como garantir a independência editorial se modelos de linguagem proprietária são usados pelas redações para sugerir, revisar ou mesmo escrever artigos? Como evitar a fragmentação do panorama da informação em uma infinidade de bolhas de informações alimentadas por algoritmos de recomendação?
Hoje, em todo o mundo, os grupos de mídia publicam suas próprias declarações de princípios para orientar quanto ao uso da inteligência artificial. Mas, diante do imenso incentivo econômico para explorar essa tecnologia para aumentar a produtividade e a audiência, ninguém é encorajado a adotar uma abordagem prudente e racional com relação à integridade da informação. É por isso que a comissão formada pela RSF vai elaborar os princípios fundadores de uma ética compartilhada pelos meios de comunicação na era da IA.
"Os sistemas baseados em inteligência artificial representam um desafio crucial para o jornalismo e os meios de comunicação. Isoladamente, infelizmente, nenhum ator é encorajado a fazer uso ético e informado dessas ferramentas. Precisamos de um compromisso global baseado em princípios sólidos para proteger a ética do jornalismo e colocar a IA a serviço do direito à informação. Acreditamos que esta carta, elaborada por uma comissão presidida por Maria Ressa e reunindo personalidades eminentes, se tornará uma referência internacional.
Lista de organizações:
Iniciador:
Repórteres Sem Fronteiras (RSF)
Parceiros:
Asia-Pacific Broadcasting Union (ABU)
Committee to Protect Journalists (CPJ)
Ethical Journalism Network (EJN)
Free Press Unlimited (FPU)
Global Forum for Media Development (GFMD)
International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ)
International Press Institute (IPI)
Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP)
Union Européenne de Radio-Télévision (UER)
World Association of News publishers (WAN-IFRA)