O corpo de um jornalista mexicano é encontrado morto um mês após ter sido sequestrado
O corpo do jornalista Salvador Adame Pardo, desaparecido em 18 de maio passado no oeste do México, no município de Nueva Italia, estado de Michoacán, foi encontrado calcinado à beira de uma estrada. Trata-se, mais uma vez em condições terríveis, do sétimo jornalista assassinado este ano.
O procurador geral do estado de Michoacán, José Martín Godoy Castro, confirmou a notícia nesta segunda 26 de junho durante uma coletiva de imprensa: o corpo calcinado de Salvador Adame Pardo, diretor e apresentador do Canal 6 Media TV, foi encontrado pela polícia em 14 de junho à beira de uma estrada, no município de Gabriel Zamora. As análises de DNA permitiram confirmar a identidade do jornalista que havia sido sequestrado por homens armados e que estava desaparecido desde 18 de maio de 2017.
Dois suspeitos do sequestro e assassinato, Ignácio Rentería Andrade, conhecido como "El Cenizo", e Daniel Rubio Ruiz, conhecido como "El Cabezas", foram presos pela polícia no dia 21 de junho.
Segundo seus primeiros depoimentos, a ordem de matar e de queimar o corpo de Salvador teria vindo de um chefe de quadrilha local da região de Tierra Caliente, conhecido como "El Chano Peña", por motivos pessoais. O gabinete do procurador não parece, por enquanto, querer privilegiar outras pistas de investigação.
A família de Salvador, com quem a RSF está em contato, denuncia irregularidades na investigação realizada pelo gabinete do procurador e pede uma perícia suplementar. Uma demande apoiada pela RSF
"A RSF está estarrecida com esta descoberta macabra e manifesta todo o seu apoio aos familiares e colegas do jornalista", declarou Emmanuel Colombié, diretor do escritório para a América Latina da organização. “Enquanto a lista de jornalistas mortos no México se alonga indefinidamente e a situação se torna insustentável, a RSF pede aos investigadores que, sobretudo, não encerrem a investigação e continuem a explorar a pista profissional para que seja feita justiça e que tenha fim a impunidade habitual quando jornalistas são assassinados", acrescentou Emmanuel Colombié.
Salvador Adame Pardo era conhecido por suas posições críticas com relação às autoridades locais e havia acabado de denunciar desvios de fundo cometidos pelo prefeito de Nueva Italia, segundo pessoas próximas a ele contatadas pela RSF. Em abril de 2016, a esposa de Salvador, Frida Urtiz Martínez, havia sido agredida e depois detida durante várias horas pela polícia local, após participar e cobrir a expulsão violenta de manifestantes que protestavam diante da prefeitura de Nueva Italia.
Quatro jornalistas ainda estão desaparecidos no estado de Michoacán: José Antonio García Apac, Mauricio Estrada Zamora, Ramón Ángeles Zalpa e María Esther Aguilar Cansimbe.
Salvador Adame Pardo é o sétimo jornalista assassinado no México em 2017, depois de Cecilio Pineda Birto, Miroslava Breach, Maximino Rodriguez, Javier Valdez Cárdenas, Ricardo Monlui e Filiberto Álvarez Landeros. Desde 2000, mais de 100 jornalistas foram mortos no país.
O México ocupa o 147o lugar de 180 no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa estabelecido pela RSF em 2017.