Hong Kong: as agressões contra jornalistas se generalizam

A Repórteres sem Fronteiras (RSF) pede às autoridades de Hong Kong que protejam os jornalistas que cobrem manifestações, que são cada vez mais alvos da polícia e de gangues mafiosas.

No momento em que quatro novos ataques contra jornalistas ocorreram no bairro de North Point no último domingo, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) pede às autoridades de Hong Kong que ponham fim à violência contra os meios de comunicação. Nos últimos dois meses, muitos jornalistas foram vítimas de intimidação e violência física pela polícia e por gangues mafiosas pró-Pequim durante a cobertura de manifestações anti-extradição (veja eventos cronológicos abaixo).

 

"A violência contra os jornalistas é agora sistemática e visa claramente dissuadi-los de cobrir as manifestações", afirma Cédric Alviani, diretor do escritório da Repórteres sem Fronteiras (RSF) no Leste Asiático, que insta as autoridades de Hong Kong a "dar um fim à violência contra a imprensa e abrir uma investigação independente sobre a brutalidade passada. "

 

O Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCCHK) enviou ontem uma carta ao Comissário de Polícia de Hong Kong, Stephen Lo Wai Chung, na qual manifesta sua preocupação com a violência recente.

 

Desde o início de junho, Hong Kong é palco de grandes manifestações contra um projeto de lei que permitiria às autoridades extraditar para a China residentes ou visitantes, incluindo jornalistas e suas fontes. Há duas semanas, a RSF apresentou a Carrie Lam, o chefe do Executivo de Hong Kong, cinco propostas destinadas a restaurar a plena liberdade de imprensa em Hong Kong.

 

No Ranking da Liberdade de Imprensa da RSF, a Região Administrativa Especial de Hong Kong caiu do 18º lugar em 2002 para 73º este ano. A China, por sua vez, ocupa a 177ª posição de 180.      

 

Dois meses de violência

 

  • 11 de agosto de 2019: Dois jornalistas da Rádio Televisão Hong Kong(RTHK) e do diário Ming Pao foram agredidos por um grupo mafioso pró-Pequim no bairro de North Point, enquanto um jornalista da Stand News, por sua vez, foi alvo de insultos e ameaças.
  • 5 de agosto de 2019: No bairro de Sham Shui Po, um estudante de jornalismo desmaiou depois de ser atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo disparada pela polícia. No bairro de Wong Tai Sin, um jornalista do Sing Tao Daily foi vítima de tiros de gás lacrimogênio no rosto. Um grupo mafioso armado com bastões atacou um fotógrafo do veículo online HK01 no bairro de Tsuen Wan. 
  • 7 de julho de 2019: No bairro de Mongkok, a polícia agrediu verbal e fisicamente três jornalistas que trabalhavam para Apple Daily, HK01 e Metro Radio.
  • 1º de julho de 2019: Desconhecidos armados invadiram os escritórios da rádio independente Citizens' Radio e vandalizaram o material diante da equipe.
  • 30 de junho de 2019: Durante uma manifestação de apoio à polícia no bairro de Admiralty, jornalistas do South China Morning Post(SCMP), do Stand News e da Next Magazine foram insultados e agredidos a chutes.
  • 12 de junho de 2019: Mais de 12 casos de violência contra a imprensa foram registrados no bairro de Admiralty, incluindo 10 casos de disparos de gás lacrimogêneo pela polícia a curta distância.

 

 

 

 

 

 

 

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Updated on 14.08.2019