Guiné-Bissau: a RSF exige a retirada dos militares que impedem o funcionamento normal da rádio e da televisão públicas
Militares próximos do presidente ocupam as instalações da radiotelevisão nacional da Guiné-Bissau desde 29 de fevereiro. A Repórteres sem Fronteiras (RSF) pede sua retirada para permitir a retomada dos programas desses veículos de comunicação.
Militares próximos do novo presidente eleito ocupam, desde 29 de fevereiro, as instalações da radiotelevisão nacional da Guiné-Bissau. Uma ação de represália após a recusa pelos dois veículos de comunicação de cobrir a posse do presidente Umaro Sissoco Embalo. A rádio e a televisão tiveram que encerrar suas transmissões e seu pessoal foi evacuado. As instalações estão agora fechadas e ocupadas por homens armados.
"Pedimos às autoridades da Guiné-Bissau que velem pela segurança dos jornalistas e pela retomada das emissões desses dois veículos, declarou Assane Diagne, diretor do escritório da RSF para o Oeste da África. Estamos extremamente preocupados com essa situação que coloca em risco a continuidade do serviço público de informação. O lugar dos militares não é nas salas de redação."
A Guiné-Bissau está sendo sacudida por uma nova crise desde o segundo turno das eleições presidenciais em 29 de dezembro.
O ex-general Umaro Sissoco Embalo havia sido declarado vencedor pelo Comitê Nacional Eleitoral, com 53,55% dos votos, contra 46,45% para Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC, detentor da maioria na Assembleia Nacional).
A oposição denunciou fraudes e acionou a Corte Suprema. Foi nesse contexto que Embalo procedeu com sua posse como presidente. O campo do PAIGC reagiu nomeando um presidente interino.
A Guiné-Bissau ocupa a 89º posição, entre 180 países na Classificação Mundial de Liberdade de Imprensa elaborada pela RSF.