Expulsão de jornalista da AP é grave violação à liberdade de imprensa no Sudão do Sul
A Repórteres sem Fronteiras (RSF) está preocupada com a recente expulsão da jornalista da AP Sam Mednick do Sudão do Sul, o caso é resultado da decisão da Autoridade de Mídia do país de revogar o passe de imprensa da comunicadora. Mednick foi uma das poucas jornalistas estrangeiras que trabalhavam no país. A mudança é o mais recente golpe à liberdade de imprensa no Sudão do Sul, onde a impunidade continua para no caso do assassinato de ao menos 10 jornalistas durante a guerra civil, incluindo o freelancer Britânico Americano Christopher Allen.
A jornalista canadense Sam Mednick foi forçada a deixar o Sudão do Sul depois de receber uma notificação - no dia 23 de outubro de 2019 - da Autoridade de Mídia, que revogou o passe de imprensa de Mednick por seis meses com a justificativa de que ela “criou desinformação na tentativa de gerar pânico e medo do desconhecido”. A alegação está ligada às suas reportagens sobre o crescimento de tensões na preparação da formação de uma unidade governamental, planejada para o dia 12 de novembro. A AP afirmou que apoia Mednick e a sua história.
Durante os três anos que ela passou no país, Mednick reportou exaustivamente assuntos que se fossem feitos de outra forma, teriam recebido pouca atenção internacional - tanto quanto o impacto da guerra civil atual. Na ausência de uma investigação oficial, as reportagens de Midnick sobre o assassinato do jornalista freelancer Britânico-Americano Christopher Allen pelas forças armadas Sudanesas do Sul, em agosto de 2017, formaram uma base crucial para o processo legal da família de Allen. A partir das informações, eles conseguiram alegar que os crimes de guerra foram cometidos tendo Allen como alvo. Ao menos 10 jornalistas foram assassinados desde o início da guerra civil do Sudão do Sul, em dezembro de 2013.
“Estamos profundamente preocupados com a expulsão de Sam Mednicks do Sudão do Sul, o caso segue movimentos similares contra outros correspondentes estrangeiros no país nos últimos anos. Os relatórios de Midnick foram uma fonte valiosa de informação do Sudão do Sul, onde ao menos 10 jornalistas foram assassinados durante a guerra civil. Pedimos às autoridades sul sudanesas que revejam essa decisão e que garantam que todos os jornalistas estejam capazes de reportar livremente do país”, afirmou a diretora do escritório da RSF no Reino Unido, Rebecca Vicent.
Inúmeros outros correspondentes internacionais foram expulsos do Sudão do Sul nos últimos anos, incluindo o jornalista da AP Justin Lynch, que foi preso e deportado em dezembro de 2019. Em junho de 2017, o chefe da Autoridade de Mídia anunciou que 20 jornalistas estrangeiros foram banidos de trabalhar ou de continuar trabalhando no país por escrever histórias “sem fundamento e irrealistas” que “insultaram ou degradam o Sudão do Sul e o seu povo”.
O Sudão do Sul está na 139º posição de 180 países na Classificação Internacional da Liberdade de Imprensa de 2019 da RSF.