EUA: Casa Branca deve devolver imediatamente credencial de imprensa de Brian Karem
A Repórteres sem Fronteiras (RSF) está profundamente preocupada com a recente decisão da Casa Branca de suspender a credencial de imprensa do correspondente Brian Karem. Essa é a segunda vez que um jornalista tem a credencial de imprensa suspenso pela administração Trump, uma clara violação à Primeira Emenda.
No dia 16 de agosto, a Casa Branca tomou a decisão de suspender a credencial de imprensa do correspondente Brian Karem durante 30 dias com a Secretária de Imprensa Stephanie Grisham citando a conduta do repórter durante uma discussão com o ex-assessor da Casa Branca Sebastian Gorka, em um evento no local no dia 11 de julho. Na carta enviada por Grisham no dia 2 de agosto notificando Karem da decisão, ela escreveu que ele “falhou em aceitar” uma “compreensão amplamente compartilhada” de como os membros da imprensa deveriam se comportar nos eventos da Casa Branca, apesar de reconhecer que não há um conjunto explícito de regras que regem esse comportamento.
Em um artigo publicado pela Playboy no dia 6 de agosto, Karem escreveu que ele acredita que sua credencial de imprensa tenha sido suspenso como uma medida de retaliação contra ele por “fazer perguntas difíceis” nas últimas semanas. O repórter da Playboy e analista da CNN anunciou que planeja processar a Casa Branca por essa decisão, e seu advogado Ted Boutrous publicou uma declaração afirmando que a suspensão viola os direitos de Karem assegurados pela Primeira Ementa e a cláusula da Quinta Emenda. A Associação de Correspondentes da Casa Branca também publicou uma declaração expressando preocupação com a decisão.
“A suspensão da credencial de imprensa de Brian Karem é mais um exemplo de uma Casa Branca melindrosa que abusa do poder para punir os jornalistas que não gosta”, afirmou Dokhi Fassihian, Diretora Executiva do escritório RSF da América do Norte. “Essa ação não tem lugar em um país democrático com uma imprensa livre. Isso demonstra uma incompreensão da função de fiscalização da mídia sobre o governo e tenta erroneamente regular a conduta profissional dos jornalistas que se afirmam em nome do povo americano para acessar e entender a verdade. A Casa Branca deveria reverter imediatamente essa decisão ”.
Em novembro de 2018, a Casa Branca suspendeu a credencial de imprensa do correspondente da CNN, Jim Acosta, com base em alegações falsas de que o repórter “colocou as mãos” uma assessora da Casa Branca que estava trabalhando em uma conferência de imprensa, embora a cobertura ao vivo da C-SPAN tenha contradito o caso. Dias depois, a CNN entrou com uma ação - liderada por Boutrous, o mesmo advogado que agora representa Karem - contra a Casa Branca, argumentando que o governo Trump violou os direitos de Acosta assegurados pela Primeira e Quinta Emenda. A Casa Branca restaurou totalmente a credencial de imprensa de Acosta dentro de uma semana, embora tenha adotado um conjunto de diretrizes que regem eventos de imprensa e que, se não forem seguidas, podem levar ao avanço de futuras revogações. A Casa Branca ainda não suspendeu ou revogou a credencial de imprensa de um repórter por trabalhar fora dessas diretrizes.
Os Estados Unidos ocupam o 48º lugar entre 180 países na Classificação Mundial de Liberdade de Imprensa de 2019 da RSF.