Brasil: preocupante desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia
Desde 5 de junho de 2022, Dom Phillips, jornalista britânico, e Bruno Araújo Pereira, indigenista, estão desaparecidos no Vale do Javari, na Amazônia. A Repórteres sem Fronteiras (RSF) pede às autoridades brasileiras que redobrem seus esforços para localizá-los.
O paradeiro de Dom Phillips e de Bruno Araújo Pereiras foi perdido neste domingo, 5 de junho de 2022, no extremo oeste do estado do Amazonas, região de extrema dificuldade de acesso, próxima à fronteira peruana, quando viajavam de barco entre a aldeia da comunidade indígena São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, a 1.135 km de Manaus. De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), os dois deveriam visitar a equipe de monitoramento indígena no Lago Jaburu e depois retornar a Atalaia do Norte quando o contato foi perdido. Segundo várias fontes, eles possuíam um telefone via satélite e tinham gasolina suficiente para completar a viagem.
Morador de Salvador, Dom Phillips é jornalista freelancer, colaborador de diversos meios de comunicação internacionais, como os jornais The Guardian, Financial Times, Washington Post, New York Times e The Intercept. Especializou-se em temas ambientais e a maioria de seus últimos textos publicados no The Guardian trata de abusos relacionados à pecuária, mineração e exploração de soja em áreas de florestas protegidas na Amazônia.
Dom Phillips viajou para o Vale do Javari com Bruno Araújo Pereira para realizar entrevistas no âmbito da preparação de um livro sobre estes temas. Por causa de seu trabalho em defesa das comunidades indígenas no Brasil, Bruno Araújo Pereira, até poucos dias antes de seu desaparecimento, era alvo regular de ameaças de morte.
“O governo brasileiro deve coordenar urgentemente os esforços da Polícia Federal e do Exército para encontrar Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira. Cada segundo que passa é um segundo perdido”, declarou Emmanuel Colombié, diretor do escritório da Repórteres sem Fronteiras para a América Latina.
Em nota à imprensa publicada em 6 de junho, a Marinha do Brasil anunciou que havia enviado uma equipe fluvial composta por 7 militares para tentar localizá-los - um dispositivo claramente insuficiente, tendo em vista que a região é extremamente densa, hostil e de difícil acesso. Sem helicópteros, é quase impossível observar e percorrer toda a área.
O Exército brasileiro, que dispõe de recursos consideráveis e adequados para esse tipo de busca, declarou em nota concisa que estava esperando um sinal verde do Estado brasileiro para intensificar as buscas. Sinal que não tinha sido dado mais de 24 horas após o anúncio do duplo desaparecimento.
Nesta terça-feira (7), ao lado de outras 10 organizações que atuam em defesa da liberdade de expressão e de imprensa no Brasil, a RSF solicitou uma audiência emergencial com os ministros da Justiça e da Defesa para tratar do assunto. A RSF aguarda uma resposta urgente do governo brasileiro sobre o pedido.